quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Aposta de Pascal

Muitos são os argumentos para a existência de alguma divindade. No entanto, poucos são novos ou ainda poucos não foram confrontados e descartados. Alguns vão desde o argumento da experiência pessoal até argumentos filosóficos e teológicos que são constantemente debatidos. Nas sábias palavras de Bertrand Russel: Muitos acham que é função de um descrente em provar que Deus existe. Isto não é verdade. Aquele que afirma que ele existe é o que tem obrigação de prová-lo.
Aos poucos, iremos estudar alguns dos principais argumentos que apesar de já confrontados e antigos, ainda são usados. Hoje falaremos sobre a famosa Aposta de Pascal a qual ouço ainda em diversos debates e discussões acerca do assunto.
Blaise Pascal(1623-1662), foi um matemático, filósofo e teólogo francês. Por mais improvável que fosse a existência de um Deus, Pascal dizia que o crente tudo ganhava acreditando em um Deus mesmo que a veracidade da questão não possa ser conhecida. Segundo Pascal o argumento era o seguinte:
- Se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho infinito.
- Se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda finita.
- Se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho finito.
- Se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perca infinita.
Entretanto, logo no começo vemos que há algo bem esquisito e fraco neste argumento. Acreditar não é algo decidido como participar ou não de um clube. Posso decidir ir à igreja, participar dos sacramentos, ou jurar sobre uma Bíblia dizendo que acredito em cada palavra nela escrita. Mas nada disto pode me fazer acreditar ou não. A aposta de Pascal só poderia funcionar numa crença fingida em um Deus. Sendo que é melhor que esse Deus não seja onisciente, pois ele ira descobrir a mentira.
O que tem então de tão especial em acreditar? Não seria igualmente verdade que Deus recompensaria a bondade, generosidade e honestidade? Embora não tenhamos como saber de que lado este Deus estaria, a Aposta de Pascal resume-se a mais a um medo de alguma punição. O que pensaríamos, que Deus valorizaria mais uma crença de fingimento ou um ceticismo honesto? George H. Smith resumiu bem isto quando disse: Se não há um Deus estamos certos; se há um Deus indiferente não sofreremos; se há um Deus justo não temos nada a temer pelo uso honesto da racionalidade; mas se há um Deus injusto, temos tanto a temer como qualquer cristão.
Há mais um problema na Aposta de Pascal. Suponha que ao morrer você encontre com o Deus errado a sua crença, por exemplo,  Zeus ou Alá. E suponhamos que Alá seja tão invejoso e cruel com os incrédulos quanto o Alcorão expressa que é. Não seria melhor apostar em nenhum Deus do que no Deus errado?
Imagine que talvez possa existir uma pequena mais provável chance de Deus existir. Mesmo assim, é melhor que você tenha uma vida melhor, mais plena se você apostar na sua inexistência do que desperdiçar seu tempo adorando-o, sacrificando-se em nome dele, lutando e morrendo por ele.

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