segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O fúnebre fim do Papa Pio XII

   
    Por séculos a Igreja Católica gaba-se exigindo suas famosas relíquias: corpos que estariam milagrosamente incorruptos. Santa Bernadete, São Vicente de Paula, Santa Clara de Assis, são alguns exemplos. Em ''Analisando o mistério dos corpos incorruptos'' http://diariodeumcetico.blogspot.com.br/2015/05/analisando-o-misterio-dos-santos.html, vimos que a incorrupção parcial ou total de um corpo é algo tão antigo quanto a humanidade. Na maioria das vezes o local aonde estes corpos foram depositados é uma das causas principais para que estes ''milagres'' sejam muito bem entendidos pela ciência. Em outras vezes, processos como a mumificação, saponificação, embalçamento, são os outros fatores.
    Neste ambiente de fanatização e superstição medieval, a Igreja Católica mostra a incorrupção como um dos ''milagres'' necessários para a canonização de um santo. Entretanto algumas investigações e exemplos mal sucedidos nos fazem indagações como: Por que todos os ''santos'' católicos não estão incorruptos? O que este mesquinho fenômeno prova do sobrenatural? Neste texto, iremos mostrar um simples caso curioso, que envolveu brigais e trambiques dentro do Vaticano, para o velório e o eterno descanso papal. 
    Eugenio Maria Giuseppe Giovani Pacelli, Papa Pio XII, tornou-se o líder da Igreja Católica em 2 de março de 1939, sendo  cardeal durante o governo de seu antecessor Pio XI. Enquanto cardeal, Pacelli foi o principal agente de comunicação entre o Papa e o ditador italiano Benito Mussolini, auxiliando para o firmamento do famoso Tratado de Latrão, firmando aliança da Igreja com um horrendo ditador. Mais tarde, enquanto papa, ficou famoso pelo apelido de ''Papa de Hitler'', por firmar acordos entre a Santa Sé e o ditador. Pelo acordo, Pio XII suspendeu as forças políticas católicas na Alemanha, dando espaço para que sua Igreja pudesse dominar o ensino católico nas escolas. Em troca de tudo isto, Pio XII celebrou o aniversário do Füher todos os anos até sua morte em 1945. Aclamado pelos católicos e odiado por muitos, Pio XII foi uma das figuras centrais durante a Segunda Guerra Mundial.
    Como Papa, Pio XII nomeou seu médico particular, Ricardo Galleazi Lisi. Oftalmologista, Lisi auxiliou no processo de escavação das grutas do Vaticano na procura dos ossos de São Pedro, sendo depois excluído da equipe por dívidas de jogo. Lisi havia sido chamado pelo Papa para na ocasião de sua morte, preparar o seu embalsamento. O embalsamento dos papas é uma tradição de séculos, Pio XII pediu para Ricardo Lisi quando fizesse seu embalsamento, que seus orgãos internos não fossem retirados. Lisi prometera ao papa uma técnica de embalsamento que misturava diversas ervas, que ele chamara de ''revolucionária''. O médico chegou a trazer ao Papa uma mão de uma cadáver acidentado, a qual ele teria testado sua técnica. 
                                                  Ricardo Galleazi Lisi sendo saudado por uma guarda suiço

   A imprensa mundial estava a todo vapor em ocasião da circulação de informações sobre a saúde do Papa. Até mesmo fotografias ''íntimas'' do Papa estavam sendo vendidas para os jornais. O Vaticano não tinha mais dúvidas para quem fosse o autor, o médico particular do papa, Ricardo Lisi. Lisi tinha um irmão da alta cúpula católica. Por este motivo, apesar do apelo do Papa em nunca mais o ver, Lisi foi afastado do Papa, mas mesmo assim não perdeu sua função de médico papal, mas foi obrigado a afastar-se do pontífice. Neste período, o médico continuou a vender informações sobre a saúde do papa para os jornais, mas estes já não davam credibilidade para seus assuntos.


                                                Pio XII usando um tubo de oxigênio

    No dia 09 de outubro de 1958, vem a falecer o Papa Pio XII, então com 82 anos, em sua residência de férias em Castel Gandolfo. Sob grande confusão, sua morte já foi anunciada de um modo um tanto confuso e destrambelhado. O Vaticano combinou com a imprensa uma forma de anunciar a morte do Papa, a janela do quarto papal ficaria fechada, e seria aberta com a morte do pontífice. Mas enquanto Pio XII estava em seu leito de morte, um dos funcionários passou pela janela e a abriu sem saber do combinado. Assim, o Papa não havia falecido, e a imprensa anunciou seu óbito.
    Galleazi Lisi foi então chamado para o embalsamento do corpo do Papa, que deveria logo ser realizado para seu longo funeral. O médico aplicou sobre o corpo do Papa, uma mistura de ervas aromáticas e então envolveu o corpo em papel celofane. Seguido dos preparativos, o corpo do Papa saiu sob um verão escaldante de sua residência em Castel Gandolfo para a Basílica de São pedro e outras igrejas de Roma. 
    Logo que o corpo foi apresentado primeiramente para a família Pacelli e em seguida os cardeais, notou-se que havia algo estranho no Papa, seu corpo estava adquirindo uma coloração roxo-azulada. A culpa primeiramente foi do forte calor, mas em seguida do translado do Papa para a Basílica de Latrão, viu-se que o método de embalsamento havia dado errado, os guardas suíços não conseguiam aguentar o forte odor de putrefação. A situação agravou-se tanto que os olhos do Papa escorriam sangue escurecido, e seu nariz e dedos estavam literalmente, despedaçando-se. Como o corpo do Papa tinha que cumprir os nove dias e não podia ser posto num caixão, novos médicos foram chamados, e uma máscara de cera foi colocada sob o rosto do pontífice. 


                                           Pio XII poucos minutos após o falecimento

                                          O estado crítico do papa após as primeiras horas do embalsamento, repare no sangue que escorria por seus olhos


                                           
                                      Pio XII com já com uma máscara de prata feita durante sua beatificação

    Ricardo Galleazi Lisi foi demitido do colégio cardinalício e expulso da ordem dos médicos por má conduta. O sucessor de Pio XII, João XXIII expulso-o por definitivo do Vaticano. Em 1960 ele publicou um livro chamado Dans I'ombre et dans la lumière de Pio XII, lançado pela editora francesa Flammarion, com o relançamento das fotografias de Pio XII. É chamado por muitos de o médico mais corrupto, ele morreu em 1968, lembrando seu trabalho de ''bondade''.