quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Aposta de Pascal

Muitos são os argumentos para a existência de alguma divindade. No entanto, poucos são novos ou ainda poucos não foram confrontados e descartados. Alguns vão desde o argumento da experiência pessoal até argumentos filosóficos e teológicos que são constantemente debatidos. Nas sábias palavras de Bertrand Russel: Muitos acham que é função de um descrente em provar que Deus existe. Isto não é verdade. Aquele que afirma que ele existe é o que tem obrigação de prová-lo.
Aos poucos, iremos estudar alguns dos principais argumentos que apesar de já confrontados e antigos, ainda são usados. Hoje falaremos sobre a famosa Aposta de Pascal a qual ouço ainda em diversos debates e discussões acerca do assunto.
Blaise Pascal(1623-1662), foi um matemático, filósofo e teólogo francês. Por mais improvável que fosse a existência de um Deus, Pascal dizia que o crente tudo ganhava acreditando em um Deus mesmo que a veracidade da questão não possa ser conhecida. Segundo Pascal o argumento era o seguinte:
- Se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho infinito.
- Se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda finita.
- Se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho finito.
- Se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perca infinita.
Entretanto, logo no começo vemos que há algo bem esquisito e fraco neste argumento. Acreditar não é algo decidido como participar ou não de um clube. Posso decidir ir à igreja, participar dos sacramentos, ou jurar sobre uma Bíblia dizendo que acredito em cada palavra nela escrita. Mas nada disto pode me fazer acreditar ou não. A aposta de Pascal só poderia funcionar numa crença fingida em um Deus. Sendo que é melhor que esse Deus não seja onisciente, pois ele ira descobrir a mentira.
O que tem então de tão especial em acreditar? Não seria igualmente verdade que Deus recompensaria a bondade, generosidade e honestidade? Embora não tenhamos como saber de que lado este Deus estaria, a Aposta de Pascal resume-se a mais a um medo de alguma punição. O que pensaríamos, que Deus valorizaria mais uma crença de fingimento ou um ceticismo honesto? George H. Smith resumiu bem isto quando disse: Se não há um Deus estamos certos; se há um Deus indiferente não sofreremos; se há um Deus justo não temos nada a temer pelo uso honesto da racionalidade; mas se há um Deus injusto, temos tanto a temer como qualquer cristão.
Há mais um problema na Aposta de Pascal. Suponha que ao morrer você encontre com o Deus errado a sua crença, por exemplo,  Zeus ou Alá. E suponhamos que Alá seja tão invejoso e cruel com os incrédulos quanto o Alcorão expressa que é. Não seria melhor apostar em nenhum Deus do que no Deus errado?
Imagine que talvez possa existir uma pequena mais provável chance de Deus existir. Mesmo assim, é melhor que você tenha uma vida melhor, mais plena se você apostar na sua inexistência do que desperdiçar seu tempo adorando-o, sacrificando-se em nome dele, lutando e morrendo por ele.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O desastroso plano de Deus



Muitas pessoas de fé perguntam: porque algo invés de nada? É uma boa e importante questão, mas ela é perguntada do ponto de vista de alguma coisa. É perguntado do ponto de vista da única espécie que nós conhecemos, de qualquer lugar, e que poderia perguntar. Se você olhar para a vasta expansão de ‘nada’, aonde ‘nada’ está acontecendo e provavelmente não há nenhuma vida. Então você tem que fazer a suposição de que algo existe. Mais ainda assim é uma ótima pergunta.
Mas não há nenhuma resposta produtiva. Se você considerar, por exemplo, Edward Hubble foi o primeiro a notar que Isaac Newton estava errado, e que o universo não está apenas se expandindo em todas as direções, em uma velocidade incrível. É de esperar que em termos newtonianos, que a velocidade, a taxa desta expansão diminua. Ao contrário Hubble notou que está acelerando. Está ficando mais rápido o tempo todo, e todos os experimentos subsequentes mostram isto. De fato, se não tivéssemos descoberto o Big Bang, quando descobríamos, neste momento algumas das evidências já teriam sido perdidas.
Se você consegue pensar sobre isto, como imaginou Matin Reese, sobre o futuro cósmico, dizendo como o universo não é mais estranho do que imaginávamos, ele é mais estranho do que nós poderíamos imaginar.
E como sabemos,  este montante de explosões resulta numa grande quantidade de ‘nada’ está vindo em nossa direção. Uma grande quantidade para nosso futuro. E mesmo que nós não estivermos preparados para esperar por isso, nós já podemos ver no céu noturno a galáxia de Andrômeda, em curso de colisão com a nossa. Isto é certo que vai acontecer, independente de nos destruirmos antes, ou nosso Sol explodir ou não antes disto, provavelmente não.
Agora a questão é: isto tudo faz parte de um plano? E se faz parte, de quem é este plano?
Este montante de ‘nada’ foi ‘construído’ e apontado diretamente para nós. Então qualquer um que fizer a primeira pergunta deve considerar seu corolário, e a certeza, nesta segunda. Então, se você considerar que isto tudo está acontecendo, que esse campos gigantes de gravidade e luz,  foram feitos tendo você em mente, então isso é o que eu chamaria de um grande problema de egocentrismo.
Você pode colocar isto de outra forma, veja a qual vou colocar para você: A maioria dos religiosos hoje aceitam as evidências da evolução, aceitando então, que nossa espécie está aqui a pelo menos  100.000 anos. Richard Dawkins coloca que pode chegar a 250.000 anos. Vou colocar 100.000 para este argumento que nunca encontrei alguém que pelo menos desse uma resposta contrária. E que chega a excluir a possibilidade de uma divindade que nos supervisiona. Então, por este tempo todo, no mínimo 100.000 anos, nossa espécie nascia, normalmente morrendo, na verdade, pois muitos não conseguiam superar o nascimento. Pelos 80.000 anos ou quase ou 100.000, não vivendo mais que 25 ou no máximo 30 anos no máximo. Morrendo de diversos motivos hoje solucionáveis, ou de problemas mamíferos desnecessários como nos mostra nossa ‘herança’ de nossos ancestrais. O apêndice, por exemplo, que não precisamos mais.  Seguido disto havia terríveis doenças, sofrimento, desgraças, desnutrição e medo. Perguntas como: Por que existe um eclipse? Por que temos terremotos, possivelmente eram freqüentes. E o horrível culto de sacrifícios de crianças para tentar prevenir o que eram na verdade, eventos naturais.
Tudo isto acontecendo em uma escala gradualmente crescente, até o ponto que se pode fazer cerveja( um grande avanço na minha opinião), domesticar animais, separar as melhores sementes. Progressos milimétricos mais terríveis esforços, sacrifício, dor desgraça e acima de tudo, medo e ignorância. E caso você acredite em um deus, tem de que acreditar que nestes primeiros 98.000 anos o céu observa com completa indiferença. Para que então, a 2.000 anos os céus decidirem: Agora basta, temos que fazer algo. E a ‘revelação’ tem que ser pessoal. Então vamos escolher a região mais bárbara, analfabeta, supersticiosa e mais rochosa do mundo, no Oriente Médio. Não vamos aparecer aos chineses que já sabem ler, nem ao vale dos hindus. Vamos para a população de escravistas brutais e supersticiosos. E todas as revelações vão acontecer no mesmo distrito. Isso é algo racional para quem quer que seja acreditar e querer impor como verdadeiro para os outros? E mesmo mostrando um pouco de sarcasmo, representei mal a situação?
Diria que é quase impossível provar que este não foi o modo que nós viemos a entender a moralidade. Mas também diria, sob a luz das evidências apontadas, é no mínimo muito improvável que esta foi a forma que descobrirmos para o jeito de pensar, a forma de decidir como vivemos uns com os outros, e quais são nossos deveres uns com os outros.
Se este foi o plano divino, ele foi feito por alguém que nos ama? Se caso fosse, por que 99% das espécies ‘criadas’ já foram extintas? Não parece um plano ou projeto de alguém que pode positivamente, provar que não aconteceu. Mais nos leva ao problema original. O ‘planejador’ de tudo isto,só  pode ter sido muito impulsivo, que fica ‘brincando’ com sua criação, desastrado, experimentador e fantasticamente desperdiçador. Ou então cruel  e insensível, ou apenas indiferente.
Sendo assim não parece correto dizer que ele escreve certos por ‘linhas tortas’ ou que ele tem propósitos que são obscuros a nós. Pois mesmo este tipo de evasão tem que ser estabelecido sob o pressuposto que a pessoa que me diz isto, sabe mais do que eu do sobrenatural. E ainda não encontrei ninguém, no meio religioso ou não, que tem uma ‘linha’ direta com o ‘criador’, do tipo que seria necessário até para especularmos sobre isto. Em outras palavras, nunca encontrei ninguém que saiba mais do que nós sobre isto tudo.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Discernindo o transcendente da superstição



Discernir o transcendente ou numinoso da superstição ou sobrenatural é um passo importante. Cada um de nós pode experimentar esta sensação ao ouvir uma música, praticando exercícios, lendo uma poesia, observando um céu estrelado deitado sobre uma belo gramado no campo ou praticando qualquer coisa que o faz sentir esta sensação de transcendência. As pessoas dizem ‘Graças a Deus’ quando acontece algo pelo que são gratas e não é necessário nem um pouco transformar isto numa ideia religiosa. Os gregos tinham o conceito de ‘húbris’ como algo a ser evitado ou criticado. Assim como também tinham o conceito de que nem toda a glória humana pode ser reivindicada por meros primatas como nós, é uma espécie de modéstia e humildade nossa. Além disto, o senso de que existe algo além do material sem ter que recorrer a fantasias. Um dos poucos méritos da religião foi poder conservar isto na arte e na arquitetura.
A distinção do transcendente da superstição também pode ser demonstrada pelo exemplo do Parthenon. Acredito que ninguém civilizado poderia viver como vivemos hoje sem a existência dele, e não exagero nisto. Há uma quantidade enorme de conhecimentos de simetria, graça e harmonia contida nele ao ponto de que se ele fosse destruído hoje sentiríamos uma perca maior do que quando perdemos os Jardins da Babilônia ou a Biblioteca de Alexandria. Mas não ligo e não conheço ninguém que se importe que o culto a Pallas Athenas desapareceu, e sem fazer falta alguma até aonde sei. Os mistérios Eleusianos foram desmistificados. Os sacrifícios, alguns deles humanos até, que foram feito a estes deuses são lamentáveis, mas foram apagados e esquecidos. O imperialismo Ateniense também é parte de um passado. O que nos resta é a beleza fantástica e a fé que o construiu. O Parthenon transcende o seu sentido religioso original, e se tornou um ícone da arte e da beleza da humanidade. Nesse sentido, transcender funciona como ir além do seu sentido original. Nossa questão agora é discernir e muito bem esses mesmos valores encontrados na arte e em nossas emoções, o transcendente ou numinoso, da superstição e do sobrenatural, que foram criados para nos deixar temerosos, com medo e servis. Aonde foram muitas vezes bem sucedidos até demais.
Espero que cada um que leia este texto, pensando com carinho e cuidado se você, por certos elementos do transcendente por grandes emoções e sentimentos humanos profundos, estaria disposto a dar sua lealdade total a um Redentor Divino ou a ideias a cerca de vida após a morte, milagres, anjos. Sendo que não acreditam que existe uma supervisão divina já não são religiosos, já que a religião pede que sigam sempre alguém superior a sua frente, como os católicos a Jorge Bergoglio no momento, que afirma ser o sucessor direto de Pedro e Vigário de Cristo na Terra. Estaria você disposto a pagar o preço de sua liberdade moral e intelectual para colocar sua vida em algo sem menor evidência e com um alto custo? Sustento que tudo isto e o que o acompanha seja uma sacrifício demais de nossa liberdade, que é essencial a nós para se tolerar e você tem tudo a ganhar repudiando isto e defendendo seus princípios, e ganharão muito mais do que fingindo ser parte de um rebanho ou qualquer outro tipo de ‘ovelha’ sujeita a um ‘pastor’ que estaria acima de você, mas que você sabe que não sabe mais do mundo do que você.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Dia do Orgulho Ateu: Do orgulho ao preconceito

Charles Darwin após séculos sem uma resposta convincente conseguiu achar uma resposta que foi se alimentando de evidências após cada ano, de mostrar o porquê dos seres parecerem tão perfeitos e parecerem moldados por algum Arquiteto Superior chamado Deus. O dia 12 de fevereiro data do nascimento de Darwin vem a ser comemorado o dia do ‘Orgulho Ateu’.
A data frisa que existem muitos como eu ou você que esta lendo isto, que vivem sem a crença em alguma divindade. Longe de orgulho significar superioridade mais sim demonstrar que não somos inferiores a ninguém. Nosso mérito: viver sem nenhuma fantasia sobrenatural.
É claro que a data comemorativa esta longe de ser posta oficialmente, visto que nossos governos já fizeram sua parte desde o descobrimento do Brasil, trazendo a religião junto a eles e enraizando-a em nossa cultura. Feriados religiosos são mais fáceis de serem aprovados por nossos representantes que sabem misturar os direitos de um povo junto com suas crenças particulares. Uma cruz em um lugar público, é só uma pequeno exemplo de como funciona o ‘estado laico’. Não me incomodo muito com isto, o que me incomoda mais é saber que o velho ditado se é pra um tem que ser para todos, está longe de ser verdadeiro.
A reivindicação que melhor é feita, é acabar com o preconceito de que ateus são demoníacos ou tem algum problema. Facilmente você vê um religioso criticar o ateísmo, ele aceita aparentemente as outras religiões, mais não você não ter nenhuma. É uma escolha pessoal e um direito de livre expressa-lo. Eu me diferencio de muitos colegas, pois além de ateu sou um crítico direto das religiões, que é uma das formas de poder mais obscenas e ditatoriais. Entretanto muitos apenas são ateus, e não são capazes de conversar com algum familiar ou amigo sem ter uma boa doze de preconceito e discurso moral. Poder conversar sobre isto com conhecidos, dialogar, expressar nossas ideias em meios de comunicação ou aonde quer que seja é o ponto que chegamos, e isto deveria ser para as religiões também, visto que o preconceito que muitas como as religiões africanas ainda sofrem em nosso país. A todos os meus colegas sem ‘amigos imaginários’, tenhamos este dia como exemplo para batalhar nossos direitos.

‘Não sou religioso, respeito todas as crenças, mais os religiosos não têm nenhum respeito pelos sem fé’.  Dráuzio Varella

‘Sou ateu por que não há nenhuma evidência para Deus. Isto é tudo o que precisa ser dito: Sem evidências sem crença’. Dan Barker

‘Não basta apreciar a beleza de um jardim, é preciso acreditar que há fadas nele?’. Douglas Adams

‘Por simples bom senso, não acredito em Deus. Em nenhum’. Charles Chaplin

‘Não consigo acreditar que o mesmo Deus que nos deu inteligência bom senso e razão nos proíba de usá-los’. Galileu Galilei

‘A ignorância mais frequentemente gera confiança do que o conhecimento: são os que sabem pouco, e não aqueles que sabem muito, que afirmar de forma tão categórica que este ou aquele problema nunca serão resolvidos pela ciência’. Charles Darwin

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Um evangelho que não nos foi contado



Apresentarei aqui alguns impasses que talvez nunca nos demos conta, sobre um dos homens mais falados no mundo.
Vou descrever a vocês a história de um homem: Antes mesmo de ele nascer, já se sabia que ele seria uma pessoa especial. Um ser sobrenatural informou sua mãe que o filho que ela iria conceber não seria um mero mortal, mas um ser divino. Nasceu de maneira milagrosa e se tornou um jovem inusitadamente precoce. Quando adulto deixou sua casa e se tornou um pregador itinerante, incitando seus ouvintes a viver não pelos bens matérias desse mundo, mas por valores espirituais. Arrebanhou diversos discípulos. Provou que era divino por meio de milagres, curando enfermos, exorcizando demônios e ressuscitando mortos. Contudo, no final de sua vida ele angariou inimigos, que o entregaram aos romanos, para que fosse julgado. Depois de deixar esse mundo, ele retornou para encontrar seus seguidores e convencê-los de que não estava morto, mais vivendo num reino celestial.
Essa história lhe soa familiar? Quem você acha que é esse homem? Seu nome era Apolônio de Tiana, filósofo pagão e adorador de deuses pagãos. Sua história foi registrada por um de seus discípulos chamado Filóstrato, e temos essa obra até hoje, chamada de A vida de Apolônio de Tiana. Esse foi apenas um dos homens supostamente divinos da mesma época de Jesus Cristo.
Um resumo de Jesus pode ser que ele pregou palavras amáveis sobre a Terra, foi condenado por isto, morreu crucificado, ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus. Basicamente, este é o relato que temos sobre Jesus Cristo.
No entanto, existem algumas pendências sobre essa história, que iremos analisar aqui. Após um resumo da vida de Jesus, vamos voltar um pouco no tempo e ver o que realmente aconteceu. Voltamos aos primeiros cem anos da era cristã. Se diz que Jesus viveu nesta época, nas primeiras décadas do primeiro século, morrendo por volta do ano trinta e três. Dos evangelhos que apareceram depois, Marcos foi o primeiro, e os outros três são claramente guiados por Marcos. Marcos fala da destruição do templo judeu, que ocorreu no ano 70. Então, os evangelhos surgiram depois disto, provavelmente muito mais tarde. Entre isto, existe um vazio de quatro décadas ou mais.
A maioria do que sabemos deste período, provém de um homem chamado Paulo, que começou após ter uma suposta visão de Cristo. Paulo disse que o Senhor lhe disse para difundir a palavra de Cristo. Paulo era um pouco rígido, porém, a salvação que difundia de Deus, que ele chamava de Jesus Cristo, era muito popular. Paulo viajou muito em seu caminho, deixando vários grupos de novos cristãos, que formavam a primeira igreja cristã. Também escreveu muitas cartas aos cristãos, resultando em mais de oitenta mil palavras sobre a religião cristã. Estes documentos representam quase tudo o que temos sobre a história do cristianismo durante estas décadas desconhecidas.
E aqui está algo interessante, se Jesus foi um ser humano, que viveu recentemente, parece que ninguém contou a Paulo. Paulo nunca ouviu sobre Maria, José, Belém, Herodes, João Batista, nem sobre os milagres, nunca citou nada sobre o que Jesus disse. Nunca mencionou sobre nenhum ministério que Jesus fez, nem sobre a entrada em Jerusalém, Pôncio Pilatos, o julgamento de Jesus. Paulo parece não saber nada do que agora consideramos a história de Jesus. Exceto pelos três ultimo acontecimentos. E inclusive esses, Paulo não os situa na Terra. Tal como outros deuses salvadores da história, o salvador que Paulo cita morreu, ressuscitou e subiu aos céus, a maneira dos relatos místicos. Veja por exemplo a Carta aos Hebreus: Se Jesus ouvesse estado sobre a Terra, ele nem sequer havia sido um sacerdote. Hb 8;4
Paulo parece nem ter imaginado que Jesus esteve na Terra, e este é o único vínculo entre o tempo que é dado da vida de Jesus, e o surgimento dos primeiros evangelhos contando esta história. Este é um dos motivos que nunca se ouve líderes cristãos falando dos primeiros anos do cristianismo. Assim que se junta os dados, a história é que Jesus viveu; todo mundo esqueceu por décadas; e logo recordaram. Mais a suposição é ainda mais estável que isto, pois literatura alegórica era extremamente comum naquela época.
Segundo Alan Dundes, professor de folclore da Universidade de Berkeley, existem muitos evangelhos desconhecidos, os chamados evangelhos apócrifos, os quais foram claramente folclóricos demais, e que se descartou pois eram descritos coisas impossíveis de estarem corretas. Porém muitas contem histórias parecidas com as dos quatro evangelhos como caminhas sobre a água e a ressurreição, mais outras não chegaram as nossas línguas. Também ouve tentativas de desmistificação por jesuítas e outros intelectuais.
O pesquisador e historiador Robert M. Price, cita alguns  exemplos como o de César Augusto: Sabemos que ouve um César Augusto, que estava muito relacionado com a história deste tempo, e que é citado por inúmeros historiadores da época. Mais nestes dois pontos, Jesus parece estar removido da história. Suas histórias ou pertencem a mitos como a morte dos primogênitos, ou contem uma enorme improbabilidade, tais como o Supremo Conselho Judeu se reunindo nas vésperas da Páscoa ou Pôncio Pilatos deixando livre um conhecido assassino romano como era Barrabás, deixando Jesus ser ‘jogado’ a multidão. Isto desafia qualquer tipo de comparação histórica. Então você percebe que havia outros judeus e cristãos que acreditavam que Jesus morreu um século antes do primeiro ano do cristianismo, sobre o reinado de Alexandre. Ou o Evangelho de Pedro, que diz que foi Herodes quem o matou.
Isso nos faz perguntarmo-nos se Jesus de fato existiu, ou se alguém tentou pôr uma figura, originalmente um mito, dentro da história? A história dos evangelhos é única e dogmaticamente verdadeira?
Vamos ver um pouco a história de alguns deuses antigos, e que talvez nos soam familiares. Começaremos pelo Egito, com a história do deus solar Hórus de 3.000 A.C. e descrita pelo livro dos mortos em 1.200 A.C.:
Horús nasceu em 25 de dezembro da deusa Íris. Seu nascimento foi acompanhado de uma estrela no oriente que por sua vez foi seguida de três reis. Aos 12 anos Hórus era uma criança prodígio. Aos 30 anos foi batizado por uma figura conhecida como Anup, e assim começou seu ministério. Hórus teve 12 discípulos que viajaram com ele, fazendo milagre tais como curar os enfermos e andar sobre as águas. Hórus também era conhecido por diversos nomes como A verdade, A Luz do Mundo, O Filho Adorado de Deus, O bom Pastor. Depois de ter sido traído por Tifão, Horús foi crucificado, enterrado por três dias e então ressuscitou.
Esses atributos de Hórus parecem influenciar muitas culturas e muitos outros deuses:
 Atís na Grécia 1.200 A.C. da Firígea, nasceu de uma virgem, bem como em 25 de dezembro, foi crucificado e ressuscitou ao terceiro dia.

           Krishna na Índia, 900 A.C. nasceu de uma virgem chamada Devaki, uma estrela acompanhou sua chegada. Fez milagres junto aos seus discípulos e após sua morte ressuscita.

           Dionysus da Grécia, 500 A.C. nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, foi um professor Pelegrino que operava milagres, como transformar água em vinho e é referenciado como ‘Rei dos Reis’, ‘Filho Unigênito de Deus’, ‘Início e o Fim’.

          Mitra na Pérsia, 1.200 A.C. nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, teve 12 discípulos e fazia milagres, e após sua morte ressuscita. 

O que importa salientar é que existiram inúmeros salvadores ao longo da história, que preencheram as mesmas características de Jesus Cristo.
Outro impasse que nos aparece ao estudar os evangelhos é a discordância entre eles próprios, por exemplo, Mateus e Lucas não chegam a um acordo sobre a árvore genealógica de Jesus, Mateus diz que: 1:2-17”Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacó, Jacó gerou a Judá e a seus irmãos. (...) Eliúde gerou a Eleazar, Eleazar gerou a Matã, Matã gerou a Jacó, Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo.” ...
Já Lucas diz que: 4:23-38 ‘’Era, como se cuidava, filho de José, filho de Heli, filho de Matã, filho de Levi, (...) Filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus”
Aliás, o lendário nascimento de Jesus, em Belém, seguido da morte de centenas de crianças por Herodes, é contraditório. Os escritores dos evangelhos tinham um problema, uma profecia do Antigo Testamento, dizia que o Messias deveria nascer em Belém( Miquéias 5,2), levando os judeus a esperança de que o prometido Messias tinha que nascer em Belém. À luz desta profecia, o Evangelho de João afirma textualmente que seus seguidores ficaram surpresos por ele não ter nascido em Belém.
Mateus e Lucas lidam com o problema de outra forma, concluindo que Jesus tinha que nascer em Belém, mas chegaram a essa conclusão por caminhos diferentes. Mateus coloca Maria e José em Belém desde sempre, tendo mudado para Nazaré só muito tempo depois, na volta do Egito, para aonde tinham fugido do rei Herodes. Lucas por outro lado admite que Maria e José moravam em Nazaré, antes de Jesus nascer. Como então levá-los a Belém no momento crucial para cumprir a profecia? Lucas diz que na época que Quirino era governador da Síria, César Augusto ordenou a realização de um censo, com fins tributários. ‘José era da casa e da linhagem de Davi’, portanto, deveria ir para a cidade de Davi, que era chamada Belém.
Deve ter sido uma boa solução dos autores, exceto que do ponto de vista histórico, ela é completamente absurda. Davi, se existiu, viveu quase mil anos atrás de Maria e José. Por que então os romanos teriam exigido que José voltasse para uma cidade aonde teria um ancestral vivido milênio antes?
Além do mais, Lucas confunde as datas, mencionado impensadamente eventos que qualquer estagiário de história seria capaz de verificar. Houve mesmo um censo convocado pelo governador Quirino, um censo localizado, não um que tivesse sido declarado por César Augusto para o império inteiro. Mais ele aconteceu tarde demais: em 6 D.C. bem depois da morte de Herodes.
Esta é apenas uma das centenas de contradições do Novo Testamento. Ninguém sabe ao certo quem escreveu os Evangelhos. Mas eles certamente não conheceram Jesus pessoalmente. Boa parte do que escreveram não representava de maneira alguma um registro da história, mais uma simples reciclagem do Antigo Testamento, devotamente convencidos de que a vida de Jesus tinha que cumprir as antigas profecias.
Mas o que importa pra nós hoje é a Boa Nova que os Evangelhos nos trazem, Jesus é bom, e nos ensinou somente o bem, certo? Nem tanto, ao que a próprio Novo Testamento nos traz.
Imagine que você receba um amigo que está em sua cidade de passagem, é o que mostra já no início do Evangelho de Mateus, ele veio lhe trazer paz, certo? Vamos analisar uma passagem: Não penseis que vim trazer paz a terra. Não vim trazer paz, mas a espada. Com efeito, vim jogar o homem contra seu pai, a filha a sua mãe, e a nora a sua sogra. Os inimigos dos homens, serão seus próprios familiares...Aquele que toma sua cruz e não me segue, não é digno de mim... Mt 10:34
É uma passagem que parece que nunca ouvimos de religiosos, talvez por que ela nos demonstra alguém a quem você deve seguir, caso contrário, não é digno do mesmo.
Um pouco mais adiante, temos o lançamento de uma maldição sobre uma figueira, o motivo principal: ela não produzir frutos. Mt 21: 18
Mais adiante, o Evangelho de Marcos algumas surpresas. Em uma passagem sobre os escândalos, Jesus cita uma forma de não nos escandalizarmos: Se tua mãe te escandalizar, corte-a, melhor é entrares mutilado na vida eterna, do que tendo as duas mãos, ires para o fogo eterno. ..Se teu olho te escandalizar, arranque-o, melhor é entrares na vida eterna com um olho, do que tendo os dois ires para o inferno, aonde o verme não morre, e o fogo não se extingue...Mc 9: 43
No Evangelho de Lucas, encontra-se uma passagem que pode ser considerada no mínimo cruel, ditatorial, e imoral: Quanto aos meus inimigos, que não querem que eu reine sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os em minha presença.Lc 19: 26
Dificilmente imaginaríamos isto de alguém que veio trazer o amor e paz. Talvez por isto, que se você encontra um religioso, ele iria contorcer-se para poder explicar estas passagens, que o próprio Jesus mandou que nenhuma palavra poderá ser retirada até sua volta Mc 13: 31. Assim como dificilmente você encontra um sacerdote que lhe contará estas partes. Mais fácil será encontrar um teólogo fazendo um malabarismo mental para encaixar tudo isto em um sentido ‘bom e sublime’.