sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A visão da morte por um cético



Hoje sabemos melhor do que sabíamos há anos, décadas, séculos e milênios atrás, sobre a morte. Sabemos que determinados ferimentos cerebrais impedem determinadas funções cerebrais. Sendo assim, o que dizer quando todo este cérebro se ‘apaga’?
A morte é uma das nossas únicas certezas. Willian Dunbar no século XVI escreveu um poema que ilustra esta situação:
O medo da morte nos perpetua e eu não confiaria em ninguém que não sentisse algo assim. Mais imagine como a vida seria enjoada, e com que rapidez, se nos dissessem que ela não teria fim.
De fato, não confio em ninguém que diz que não teme a morte, é algo muito instintivo. Entretanto como ateu muitos nos acham frios diante dela. De forma alguma. Meus sentimentos são iguais diante a perca de um parente, amigo próximo ou quem quer que seja. Obviamente sofro como todos nós sofremos.
Um dos maiores problemas que as pessoas têm diante da morte é o pensamento de que a ‘festa’ vai continuar, só que desta vez sem nós. Vamos pensar o contrário, imagine que nos dissessem: A festa vai continuar, e para sempre! E o dono da festa( Deus ou quem quer que seja ) insisti que você tem que se divertir eternamente nesta festa. Agora as coisas soam diferentes. Imagine que após os primeiros 10 bilhões de anos, você se sinta farto de louvores e da eternidade. De nada adiantaria, pois o ‘dono’ da festa insisti que ela continuará. Para mim pelo menos é uma ideia terrível e bem entediante. As pessoas morrem e não voltam e ninguém sabe de nada mais, eis que entra a religião como a ‘portadora’ da resposta de que nos encontramos em uma espécie de ‘parque de diversões’ após a morte. A única coisa que admito que é aceitável, é que muitas vezes isto é consolador, embora um consolo pouco duradouro. E nisto vejo como um problema, pois não nos é ensinado a lhe darmos com o sofrimento. Desde criança quando perguntamos o que ouve com o vovô nos é dito: ele está no céu, ponto.
Mesmo pelo pouco que nossa espécie sabia sobre isto, a morte era apavorante. Na minha visão não é frívolo aceitar o que melhor sabemos sobre a morte: eis nosso fim. Mais muitas pessoas não conseguem aceitar isto e precisam da ideia de uma segunda vida para acharem consolo nesta. Einstein já dizia que viver esta vida pelo apelo e chantagem de uma segunda vida é algo bem cínico. Mas é duro para muitos aceitarem isto. A mim é um dádiva que me incentiva a viver cada dia como se fosse único, sabendo que o túmulo me deixará bastante tempo para nada fazer em um sono sem sonhos.
A porcentagem de eu estar errado nisto é muito, mais muito mínima mesmo.  Ao meu ver, não há nada de estranho ou a ser debatido sobre isto. Muitos religiosos admitem isto algumas vezes na vida. A primeira vez que ouvi de uma pessoa religiosa foi minha avó quando era ainda pequeno, em uma conversa de família disse: Quer saber, só sei que morreu e acabou. Mais a pergunta religiosa que recebo e gostaria de responder é: É se eu estiver errado? Admitindo esta possibilidade se eu morresse e encontrasse Deus como é sugerido pelas religiões, inevitavelmente eu teria algumas perguntas, primeiro: Que Deus é você? Baal? Alá? Javé? Krishna? Apolo? Mitra? Hórus? Mercúrio? Zeus? Thor? Um deus maia? Asteca? ou de alguma civilização aborígine? Em seguida: Por que se esconder? Por que se esforça tanto em fugir de nós? Ele também teria que dar boas respostas sobre cruzar os braços diante do holocausto e de todas as atrocidades cometidas no mundo. A recusa de conviver a eternidade sob uma premissa totalitária ao lado de quem viu todos os males da humanidade sem nada fazer seria imediata.
Seja o que for, como Bill Maher resumiu: seja quem for que lhe disser que sabe o que acontece depois da morte, eu te garanto, não sabe. E como eu sei? Por que eu não sei, e não há nenhum poder mental que eu tenha e você não.

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