domingo, 19 de abril de 2015

A visão da morte por um cético II



Fui avisado por um amigo, que após a perda de meu pai, encontraria dificuldades em escrever. É algo que digo sem dúvidas que ocorre, ao mesmo tempo, a realidade que tanto almejo e a ansiedade de deixar sempre meus leitores atualizados me fortalecem para continuar a escrever.
Sem ir muito longe, confirmo o que sempre disse, da religião ser a fonte de maior ódio, discórdia e crimes contra a humanidade e a personalidade humana. Cada vez mais analiso as evidências e vejo as confirmações de Christopher Hitchens quando escreveu que a religião envenena tudo.
A relação de conversas que podiam durar horas e serem quase diária com meu pai sobre religião era uma das coisas que eu e ele mais gostávamos. Meu pai providenciou tudo, a vida toda, para deixar claro sua descrença em qualquer autoridade totalitária divina. Desminto por tanto qualquer bobagem de conversão na hora da morte, que pessoas como Darwin e Einstein passaram. Mesquinhas invenções humanas para conforto ilusório de alguns.
Culturalmente e religiosamente foi mais difícil colocar o que meu pai pediu na prática. O tempo todo sou questionado por um sepultamento praticamente ausente de celebrações. Não sei se foi o primeiro em minha cidade mais um dos mais comentados. A religião é tão entediante, cansativa, e corrosiva que ela faz com que as pessoas não entendem o que foi pedido. Uma das barreiras cômicas que vi foi quando me falaram: Ele foi batizado na Igreja Católica. O que isto importa? Eu também fui, só que até aonde sei não pude escolher isto. Sei que pros meus leitores não religiosos esta é uma das coisas chamada de absurdo da absurdidade. Apesar de tudo, ninguém se confortava. Eu via as pessoas me olharem atravessado e cochicharem para as outras. Da parte das pessoas mais velhas tenho que dizer isto é pior. A certeza que eles possuem faz com que venha a preocupação se sua ‘alma’ iria pelo céu, por isso muitos insistiam. Ao mesmo tempo ouvi um comentário de um amigo sobre a religião ser uma questão de status em uma pequena cidade religiosa até na hora da morte. E pude confirmar isto, toda a celebração é envolta de prestígio perante a sociedade.
A religião envenena e suja totalmente qualquer ser humano. Sua individualidade e personalidade é destruída quando se é jogado dentro dela, e quando se sai dela. A sua mesquinha cultura criada é capaz de uma espécie de lavagem cerebral muito forte. Ela faz com que coisas que são absolutamente cruéis e antiliberdade sejam colocadas como divinas. Não foi fácil no momento mais consegui levar o que me foi pedido até o final. Embora papai dizia: Não quero nada, mais as vezes pra confortar algum chato né? Essas sempre eram suas palavras. E sei que nem ele nem mais ninguém se importaria.
Christopher Hitchens quando estava encarando sua fase contra o câncer foi perguntado sobre isso várias vezes. Uma das suas respostas era: É considerado plenamente normal em nossa sociedade, visitar moribundos em hospitais, bate-lo nas costas e dizer: Esta é sua última chance de aceitar Deus e salvar sua alma. De fato isto que é tão imoral é dito frequentemente em hospitais religiosos. Imagine que pessoas como eu viessem a dizer: Olha, são suas últimas horas, mas você pode ficar tranquilo, o que o padre dizia era tudo bobagem. Não há Deus algum, pode ficar calmo.

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