segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Alguém que não morreu por nós



Quando converso com líderes religiosos sempre pergunto se realmente eles creem na imaculada Conceição de Maria, no relato da criação do Gêneses, na ressurreição do corpo. A resposta tente a ser que na verdade tudo isto é um pouco metafórico e que não deve ser interpretado literalmente. Se os teólogos e líderes religiosos não usassem deste argumento atualmente, não conseguiriam mais ensiná-los aos fiéis.
Neste pequeno texto, comentarei um pouco da ideia da redenção vicária: Alguém morreu por nossos pecados. Pode não ser o caso das religiões metafisicamente ‘verdadeiras’, que seus personagens e história podem ser lendários ou habitarem o liminar da mitologia. Suas explicações podem ser risíveis. Temos explicações melhores e com evidências sobre a origem do cosmos e nossa espécie, melhores do que se tivessem sido disponíveis desde o início. De fato, a religião nunca teria surgido,  ninguém teria agora teria voltado ao estágio aonde não tínhamos a filosofia ‘real’, apenas a mitologia. Quando imaginávamos habitar um planeta plano, ou que nós éramos o centro do universo geral, quando éramos medrosos da infância da nossa espécie. Não teríamos adotado o teísmo se soubéssemos o que hoje sabemos.
Desconsiderando tudo isto, ainda teríamos que dar crédito à religião, por ser fonte de ética e moral. De aonde mais poderíamos tirar isto se não da fé? Nas palavras seguintes minha posição é demonstrar o quanto isso não é verdadeiro.
Não vejo evidências para que a religião seja ética ou moral, ou que qualquer das suas explicações sobre a origem de nossa espécie, ou do cosmos, sejam verdadeiras também. A maior parte tem sido conclusivamente descartada.
Mais uma forte alegação é a de que seus pecados, o meu e de você, pode ser perdoado pela punição de outra pessoa. Esta sugere que a doutrina da redenção seja totalmente imoral. Eu posso morrer por você se eu o amo. Posso tirá-lo de uma prisão, se eu o amo. Mas não posso sumir com suas responsabilidades. Não posso lhe perdoar, não lhe posso ‘livrar’ de seus pecados.
Esta ideia surgiu nos desertos do antigo Oriente Médio, e é comumente chamada de Bode Expiatório. O princípio era que ‘jogando’ seus pecados num bode, e mandá-lo para o deserto para morrer de fome e sede, livraria assim os seus pecados ou da sua tribo. Uma doutrina positivamente imoral, que anula a ideia de responsabilidade pessoal, sobre a qual toda ética e moral devem depender.
A implicação é quando nos dizem que temos parte na morte de Jesus Cristo, apesar de acontecer muitos antes de nascermos. Não podemos ter opinado nada, nem fomos consultados não podemos fazer nada para impedir isto. Entretanto a religião nos diz que estivemos lá, ajudamos a pregar os pregos da cruz, e temos culpa disto. Confirmando assim a doutrina do Pecado Original de Adão e Eva, na qual fomos concebidos e nascemos. Pode soar uma crença insana, mais é a crença cristã.
É aqui que podemos perceber algo de muito bizarro das religiões monoteístas: Para começar ele é totalmente totalitária: não podemos opinar já que nascemos sob uma ‘ditadura celeste’. Pelo simples ato do que pensamos, podemos ser condenados. Se cometermos uma ação correta é para evitar esta punição, e se for uma ação errada,  somos condenados mesmo depois da morte. O problema da ideia da redenção é que não há redenção alguma, e sim parte do que querer que nossa crença seja verdadeira. Poluindo até a mais bonita das palavras que é o amor. Tornando-o compulsório, dizendo que você tem que amar,  amar seus ‘vizinhos’ como a si mesmo, algo que não é possível então nós sempre falharemos, sendo então, sempre culpados. Como podemos dizer que Jesus morreu pelos nossos pecados, se não verdade ele não morreu? E sim ressuscitou. Imagine uma bomba ser deixada em uma sala de aula, e alguém jogar-se sobre a bomba absorvendo o impacto, e dois dias depois está pessoa fosse vista caminhando nas ruas, isto diminuiria o valor do seu sacrifício?
E voltando ao início do texto aonde a maioria dos religiosos e teólogos modernos nos dizem,  por exemplo,  que Adão e Eva são literários, e provavelmente não existiram, esta afirmação anula por total  a doutrina do Pecado Original, e consequentemente,  a doutrina da redenção, tornando-as literárias também.

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