terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A questão do milagre.



Se quisermos fazer de um argumento chamado fé, de ciência estudacional, temos que ter uma devida cautela. Dize-se que uma das lacunas,  por exemplo, é que o maior milagre, o da vida, já provaria isto, assim como o Big Bang, algo deveria existir antes disto, como nada foi provado ainda, deve existir um Deus. É o que alguns chamam de lacunas, explicações que a ciência ainda busca respostas, e por ainda não ter, coloca-se uma divindade para preencher esta lacuna.
Idéia medíocre, já que a cada passo da ciência, a religião da um passo para trás. Se perguntarmos a um físico o que havia antes do Big Bang, podemos ficar chocado se ele responder: nada. E este nada, é constantemente estudado, o argumento do ‘nada gerar nada’ já é inválido, sendo que o nada é uma constância do universo capaz do surgimento de algo, assim como hoje existe uma teoria, não comprovado ainda, de múltiplos universos. Se dissermos que tinha que haver um Deus antes da criação do universo, será mais trabalhoso, pois é necessário que se demonstre quem é este Deus, e mais trabalhoso ainda: quem criou este Deus.
O filósofo David Hume propôs algo maior: O milagre não é parte da lei natural, mais sim a suspensão da lei natural. Amborose Bierce em ‘Devi’s  Dictonary’, define que orações são um pedido que as leis da natureza sejam suspensas em favor do pedinte, que se diz não ser digno do mesmo. Não podemos falar que a explosão do universo foi uma suspensão, pois é visto explosões por todo universo. Entretanto, se víssemos alguém que foi executado no dia anterior caminhando por aí, podemos pensar duas coisas: Ou um milagre aconteceu, ou você cometeu um grave engano. Você pode até ver uma virgem dar a luz, um leproso curado instantaneamente, alguém ser ressuscitado. Mais o que é mais provável: que as leis da natureza sejam suspensas ou que você se enganou? Isto se você testemunhou o milagre. Se você está ouvindo de alguém que ouviu de outro, e de outro. Você deve perguntar-se sobre isso com mais força ainda.
E a probabilidade que as leis da natureza foram suspensas, ou que alguém aumentou a história e o rumor se espalhou? Se você faz estas perguntas de forma racional, nada é misterioso sobre a realidade. Explicaria por que todos nós morremos e ninguém volta. Por que algumas pessoas são curadas de doenças sem irem a um médico.
Indo mais longe eu poderia dizer: é possível que uma virgem tenha dado a luz no deserto, como diz a Bíblia sem nenhuma interferência de homem. Não é impossível de acontecer, mais isto não prova em nada que a paternidade é divina. Nem se eu tivesse visto andando pela rua no dia seguinte, não prova que o pai dele é um Deus, ou que sua mãe é uma virgem. Especialmente considerando que tudo isto aconteceu naquele lugar e naquela época.  Afinal a Bíblia fala que Lázaro foi ressuscitado, e ninguém mais falou nada disto nem escreveu. A filha de Jairo foi ressuscitada e não disse nada sobre como é a ‘outra’ vida nem ninguém escreveu nada. E o Evangelho de Mateus diz que na crucificação todas as tumbas se abriram e os mortos foram vistos andando na cidade e visitaram suas famílias. Eu diria satiricamente, que é como se a ressurreição fosse uma rotina banal naquela época.
O grande teólogo, o arcebispo de Canterbury, durante a peste negra perguntou-se: Parece estranho a mim, há pessoas que vão à igreja, rezam, pagam contribuições, vivem suas vidas sob os mandamentos de Deus, e mesmo assim eles parecem morrer da peste tanto quanto os pecadores. E ele foi para o tumulo sem perceber que quase chegou a uma conclusão muito boa.

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