Quando
silenciamos alguém, nos tornamos prisioneiros de nossa própria ação. O direito
de falar deve ser o mesmo do ouvinte de ouvir e dar sua resposta. Rosa
Luxemburgo dizia que a liberdade de expressão é insignificante, a não ser que
garanta a liberdade de quem pensa diferente.
Não sei se teria muitas palavras para resumir
hoje a morte de alguém que poderia muito bem ser eu próprio. Ananta Bijoy Das,
de 33 anos, é o terceiro blogueiro vítima de radicais islâmicos em menos de
poucos meses. Seu maior crime: ser escritor de um blog ateu em Bangladesh.
Ananta mantinha além de seu próprio blog, textos para o site http://www.mukto-mona.com/. A facção
terrorista Al Queda assumiu a autoria do assassinato que se deu de forma brutal
com várias facadas. Ateu militante, seus textos sobre filosofia e direitos
humanos eram visualizados todos os dias. Segundo os islâmicos, Ananta teria
insultado ao profeta Maomé e ao Islã. Bangladesh, país de maioria islâmica, mas
considerado um Estado Laico, já teve o históricos de massacres coordenados
desde mafiosos como Henry Kissinger, até por seus próprios governantes. O país
vive sobre tensão de grupos de direita que ameaçam completamente quem quiserem
e aonde quiseres.
Este caso
assim como os outros tem me causado um impacto de pensamento do tipo: Este
homem poderia ser eu. O que me torna diferente? Mesmo ateus não coordenarem
assassinatos em nome do ateísmo, não bombardearem prédios, não queimarem
pessoas e outras centenas de crimes horríveis dos quais a religião não consegue
livrar-se, ser declaradamente um ateu em nosso país e militar em combate a
religião é uma vulnerabilidade que encara desde rostos virados até o
preconceito e longos sermões sobre temas como a moralidade. Particularmente,
espero mais de religiosos no meu caso. Mesmo que já tenha recebido ameaças por
e-mails, a chatice de estar na mira de algumas pessoas mesmo vivendo sobre um
Estado que se diz laico, é algo sempre arriscado. O velho ditado quem fala o
que quer ouve o que não quer, hoje é substituído pela lei do olho por olho,
dente por dente. Minha opinião é suficiente para mim e me asseguro o direito de
defende-la sempre que posso. Para os que discordam disto, fiquem livres para
críticas. A morte de alguém, jamais é justificada desta forma. Por milênios, a
religião tem feito o contrário do seu prometido, enviando sangue e um belo ‘’cale
a boca’’ para quem decidir ir contra sua soberania. Um ato covarde, delirante e
criminoso, de uma sociedade que ainda guarda resquícios de uma negra Idade
Média. Colocar alguém para decidir por você o que você deve ou não ler, deve ou
não ouvir, significa colocar toda sua liberdade água abaixo.
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