Em 1917, as
primas Elsie Wright e Frances Griffiths, brincavam em um córrego na aldeia de
Cottingle, na Inglaterra. As meninas alegavam ver fadas no local, e para
provarem, decidiram fotografar as ‘criaturas’ com a máquina de fotografar do
pai de Elsie. As imagens revelavam seres dançantes junto às meninas. O pai de
Elsie, sabia dos dons artísticos da filha, e desconfiou que tratavam-se de
figuras de cartolina recortadas. Mas sua esposa considerou as imagens
autênticas, levando-as a uma reunião da Sociedade Teosófica. Estava feita uma
fraude.
O verdadeiro
responsável por dar fama às imagens, foi nada menos que Sir Arthur Conan Doyle,
criador de Scherlock Holmes. Doyle era um fanático espiritualista. Com o
nascimento do espiritismo, Doyle já havia sido enganado por outras fraudes como as
irmãs Margareth e Kathy Fox. Precursoras do espiritismo, as irmãs Fox alegavam
entrar em contato com os mortos, através de estalos em mesas de madeira. Fazia
as perguntas, e os supostos ‘espíritos’ respondiam com um ou dois ‘golpes’ na mesa. Após anos de
fraude, e sendo as inspiradoras de Allan Kardec, em 1888 as irmãs fizeram uma
demonstração no teatro de Nova York, mostrando como produziam os supostos
‘golpes’ com estalos das articulações dos dedos dos pés e joelhos. Mas no caso das imagens, depois
de anos de investigação, Conan Doyle escreveu um livro chamado A Vinda das
Fadas publicado em 1922 sobre a existência de fadas e gnomos, esgotado em poucos dias. A Sociedade
Teosófica fez fortuna em cima das imagens cedidas pela mãe de Elsie.
As meninas
cresceram e a história não foi esquecida. Muitos sites ainda compartilham essa
falcatrua, que mostrou como mesmo um homem inteligente como Doyle, foi
facilmente enganado. A farsa está mais evidente na primeira foto, aonde aparece
à esquerda uma cachoeira. A imagem esfumaçada da queda d’água só poderia ser
captada por longo tempo de exposição, o que no caso, deixaria as quatro fadas
em primeiro plano borradas. Mas elas estão muito nítidas, concluindo que não se
trata de um flagrante, mais de uma produção fotográfica. As primas só
confirmaram a farsa nos anos 80, já idosas. Elsie copiara as imagens de um
livro infantil. Recortaram as figuras de papelão e apoiaram em alfinetes de
chapéu. Elsie tinha vergonha de admitir a falsificação, por ter sido levada a
serio por Conan Doyle, dizendo: como ele pode ter acreditado?
Apenas um fato
importa disto tudo: o quão facilmente podemos ser enganados. Não por fadas(
talvez, o que é ridículo antes continua sendo divulgado como verídico por muitos ), mais por qualquer notícia espalhafatosa, por qualquer suposto médium
ou qualquer outra bobagem. Somos facilmente levados por aquilo que surpreende
mais nossa mente. Basta uma fácil ilusão de ótica, para nosso cérebro já ter
alguns problemas. O ceticismo presente em cada um de nos, deveria sempre estar
atento nestas horas. Nas palavras de Carl Sagan: Alegações extraordinárias
exigem provas extraordinárias.
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